sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Doação de órgãos: legislação atual é à prova de tráfico, dizem especialistas (ABTO no iG).


Reconhecido internacionalmente, processo de doação em casos de morte encefálica e transplante de órgãos no Brasil é rígido e seguro

 
Os números de doação de órgãos para transplantes são representativos. Em 2011, a taxa média de doadores no Estado de São Paulo, por exemplo, por milhão de população é de 19,5 – índice superior ao de países como a Argentina (14,3), cuja população estimada é semelhante à do Estado mais populoso do País.
Até 15 de setembro, segundo balanço da Secretaria de Estado da Saúde com base nos dados da Central de Transplantes, foram feitos 49 transplantes de coração, 89 de pâncreas, 1004 de rim, 420 de fígado e 21 de pulmão. Os dados não computam transplantes entre vivos.
O tema doação, porém, ainda gera dúvidas. E levanta receios, especialmente diante de casos como o do julgamento de três médicos de Taubaté, cidade do interior de São Paulo, acusados provocar a morte de quatro pacientes entre setembro e dezembro de 1986. Segundo denúncia do Ministério Público, os médicos usavam diagnósticos falsos de morte encefálica para extrair os rins dos pacientes vivos, para fins de transplante.
Considera-se potencial doador de órgãos todo paciente com morte encefálica. As principais causas são traumatismo craniano, acidente vascular cerebral (hemorrágico ou isquêmico) e tumor cerebral primário.
“Embora o coração continue batendo por algumas horas ou até dias, com a morte encefálica – quando uma área do cérebro chamada de tronco cerebral não tem mais atividade – o paciente não é mais considerado vivo. Só nesses casos podemos utilizar os órgãos para transplantes”, diz o médico Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central de Transplantes da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.
“O coração continua batendo com a ajuda de aparelhos e medicações específicas para manter a irrigação e conservar os órgãos. Com a morte encefálica, não há a menor possibilidade de reversão do quadro”, esclarece Ben-Hur Ferraz-Neto, presidente da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).
Antes de 1991 – quando o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou o protocolo do diagnóstico de morte encefálica – as instituições e equipes que trabalhavam com captação e doação de órgãos para transplantes se baseavam em legislações internacionais.
“O protocolo brasileiro para diagnóstico de morte encefálica é extremamente rigoroso, mais do que em outros países. Tudo para que se tenha absoluta segurança”, diz Pereira.
O processo da captação do órgão e seu encaminhamento para transplante é demorado – pode levar até 24 horas. Primeiro porque para o diagnóstico de morte encefálica são feitos dois exames clínicos, por dois médicos diferentes e sem nenhuma ligação com a equipe de transplantes, com intervalos de seis horas entre eles, além de um exame gráfico, que comprove que não existe mais irrigação do cérebro.
“Em alguns países, como a Inglaterra, só o exame clínico é suficiente para o diagnóstico de morte encefálica”, diz Ferraz-Neto.
Após a constatação da morte, a família do paciente é procurada. Por meio de uma entrevista, os parentes – de até segundo grau – podem optar ou não pela doação.
“A idade média de doadores após morte encefálica em São Paulo é de 40 anos. Ou seja, é uma pessoa jovem, geralmente vítima de uma morte súbita. É um momento extremamente difícil para a família”, explica Pereira.
Após a autorização, são feitos diversos exames no doador e só então é acionado o Sistema Nacional de Transplantes. O Brasil tem hoje um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e tecidos do mundo. Com 548 estabelecimentos de saúde e 1376 equipes médicas autorizados a realizar transplantes, o Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes.
“Temos uma legislação absolutamente segura e transparente para dar credibilidade a todo o processo. Somos exemplo de política de saúde pública nacional e temos reconhecimento internacional. Desde a criação do Sistema Nacional de Transplantes, em 1997, não houve nenhum caso suspeito de tráfico de órgãos. Se aconteceu no passado certamente as pessoas pagarão por isso”, finaliza Ferraz-Neto.

Notícia publicada em: iG (19/10/2011)
Autor: Yara Achôa

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Que país é esse?!


Câncer é a segunda causa de morte no Brasil, afirma relatório do TCU


Trata-se de um país doente, que demora até cem dias pra começar um tratamento contra o câncer. Os números do TCU são dramáticos.


Doença terrível, o câncer é hoje a segunda causa de morte no Brasil. São 500 mil novos casos por ano. Um mal que o país não se preparou para enfrentar. Quem tem câncer tem pressa, mas o que a gente encontrou na rede pública foi fila de espera para começar o tratamento.
Um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que as condições de tratamento no país são muito desiguais. No Sudeste há centros de excelência. No Norte sequer há tratamento em algumas regiões. Ou seja, o país ainda não está preparado para atender uma demanda cada vez maior de doentes.
O câncer é a segunda causa de morte no país. Entre os homens, o mais comum é o de próstata e entre as mulheres, o de mama. Em 2003, a professora Regina Correia Leite fez o exame que aponta a doença. Como o médico não deu retorno, ela achou que estava tudo bem, mas já tinha câncer. Só descobriu isso um ano depois e teve de extrair uma das mamas. Ainda hoje faz quimioterapia.
“Corri atrás de outro profissional, mas o nódulo já estava grande. Seria, talvez, minha cura um diagnóstico precoce”, comenta a professora.
O Tribunal de Contas da União (TCU) fez uma auditoria na política nacional de câncer. A situação é crítica na Região Norte. No Pará, apenas 40% dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) conseguem fazer quimioterapia. Em Rondônia, só 6% dos doentes com câncer que precisam de cirurgia são operados. Já o Amapá e Roraima sequer oferecem radioterapia.
O país não se preparou para enfrentar a doença, que tem 500 mil novos casos por ano. Faltam leitos, equipamentos e profissionais. Muitas vezes a pessoa é diagnostica com câncer, mas não encontra vaga para iniciar o tratamento.
Os pacientes que precisam de quimioterapia aguardam, em média, 58 dias. A espera é ainda maior para radioterapia: cem dias. A demora reduz as chances de cura, que costumam ser de 90% em tumores em estágio inicial. Renata Vilhena Silva, advogada especializada em direito à saúde, diz que em casos extremos pacientes recorrem à Justiça.
“Existem decisões judiciais que obrigam, inclusive, o estado a arcar com o tratamento em um hospital particular. Ou manda operar, intima a Secretaria da Saúde para oferecer outro lugar, ou então em último caso o paciente pode pedir que seja pago o tratamento na rede privada”, orienta a advogada.
O médico Paulo Marcelo Hoff, diretor-geral do Instituto do Câncer em São Paulo, afirma que não há solução a curto prazo.
“É preciso que se faça um investimento no desenvolvimento de uma infraestrutura que possa dar vazão à demanda, ao numero de pacientes que estão surgindo. É preciso que se aumente o número de indivíduos que são treinados para fazer o atendimento a pacientes com câncer. É preciso também que a sociedade como um todo demande que haja um aumento na verba que é disponibilizada para que isso possa ser implementado”, defende o médico.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) ampliou o volume de recursos para tratamento contra o câncer no país em 22%. O ministério deve fechar o ano com investimentos de R$ 2,2 bilhões – R$ 400 milhões a mais do quem em 2010.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Faça parte do banco virtual de doadores de sangue

Em Sant'Ana do Livramento você pode doar no Banco de Sangue na rua Manduca Rodrigues.



Ministério lança banco virtual de doadores de sangue




A ferramenta, disponível no Facebook, vai agregar candidatos para doação e marca o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue
O Ministério da Saúde lança nesta quarta-feira (23) uma nova ferramenta de incentivo à doação de sangue, em sua página do Facebook, o Banco de Doadores virtual, em comemoração ao Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue (25). O aplicativo terá a missão de agregar e cadastrar doadores de sangue em todo o Brasil. Com de celebração do dia é Essa corrente precisa de você. Doe sangue”, a Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados pretende aumentar a doação voluntária.
Segundo o coordenador-geral, Guilherme Genovez, a proposta tem o objetivo de divulgar a importância da doação de sangue no cotidiano das redes sociais. “Esta é mais uma ferramenta para a campanha, temos que usar as redes sociais para mobilizar e engajar as pessoas que apóiam a causa. Precisamos fazer com que a ideia seja multiplicada e alcance o maior número de candidatos virtuais, para que depois estes efetivem sua doação concretamente nos serviços de hemoterapia”, explica. 


CADASTRO
O aplicativo servirá de apoio à campanha, realizada no período de 21 a 25 de novembro. O primeiro passo é participar do aplicativo e fazer sua doação de sangue virtual depois informar o seu tipo sanguíneo, preencher seus dados e convidar seus amigos. Com o Banco de Doadores, os usuários também poderão ver os seus amigos classificados por tipo sanguíneo. Isso significa que você não precisa doar imediatamente, mas comunica que se coloca à disposição para uma eventual doação.
Um dos objetivos é fazer com que o doador virtual convide o maior número de pessoas, residentes da mesma cidade, para fazer parte do Banco de Doadores, pois quando alguém ou o hemocentro da sua região precisar de doação, o banco servirá para acionar possíveis doadores.



Avise seus familiares! EU SOU DOADOR!


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Hospital treina médicos a darem o diagnóstico de morte encefálica


Não é nada fácil a tarefa de mostrar que quando uma vida termina, muitas outras podem recomeçar.

 

A notícia da morte de um filho, uma mãe, um irmão traz a imensa dor da perda. A família sente o vazio, a falta, e é nessa hora que profissionais de saúde precisam falar em doação. Não é nada fácil a tarefa de mostrar que quando uma vida termina, muitas outras podem recomeçar.
A mãe que chora a perda de um filho e o robô que se comporta como paciente: em parceria com o Ministério da Saúde, o hospital Albert Einstein treina em São Paulo coordenadores de transplantes de várias partes do Brasil. O processo começa com o que toda família que perde alguém precisa saber: como deve ser feito o diagnóstico da morte encefálica.
“A família vai encontrar uma pessoa respirando através de aparelhos, com o coração batendo, obviamente mantido através de medicações, e com alguns movimentos”, explica o cirurgião Renato Hidalgo, mostrando o robô que simula o paciente. ”Testamos não só a dor nos membros e nos troncos, mas também na face.”
“Ele não tem qualquer reflexo, então se eu abrir a pálpebra desse paciente, eu consigo encostar uma gaze, ou mesmo o dedo. Ele não tem resposta alguma. Isso mostra para nós também que o cérebro parou de funcionar”, acrescenta.
“O Brasil é um país que tem a lei mais rigorosa para o diagnóstico de morte encefálica. A gente precisa de dois médicos que deem o diagnóstico em momentos diferentes, com horas de diferença. Depois disso, é a necessidade de um exame de imagem que comprove que não existe nenhum fluxo sanguíneo no encéfalo”, diz o chefe do Programa de Transplante de Fígado do Hospital A.E./SP, Ben-Hur Ferraz Neto.
Os profissionais que conversam com as famílias nessa hora tão difícil não podem ter nenhuma ligação com equipes que fazem transplantes. A tarefa é garantir que o diagnóstico de morte encefálica seja feito, ter certeza de que os órgãos serão preservados e colocar a possibilidade de doação.
”Um profissional bem capacitado para realizar a entrevista familiar repercute em um resultado muito melhor”, garante o coordenador de transplantes João Luís Erbs.
Existe algo que pode ajudar muito profissionais como João: as conversas em família. O Brasil é grande e tem um povo generoso. Se cada um deixar claro sua vontade de ser um doador, a fila do transplante, a fila da vida pode andar muito mais rapidamente.
João não conhece os que esperam, mas pensa neles todos os dias. ”Quando eu vou dormir eu penso nisso, que o meu trabalho ajuda essas pessoas para que elas possam passar muitos outros natais, anos novos, ver os filhos crescerem junto da sua família. Isso é extremamente gratificante.”
Recomeçar é um direito que todos os brasileiros têm. Mais de 90% dos transplantes feitos no país são pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Pobres e ricos esperam na mesma fila.
O que médicos e pacientes precisam é da solidariedade dos brasileiros, que pode começar com uma picadinha na hora da doação de sangue. Um gesto simples que salva.
Inscrever-se no cadastro de doadores de medula também é fácil. Basta um exame de sangue. A retirada da medula pode ser feita com uma punção no osso da bacia ou com uma máquina que filtra o sangue em uma espécie de hemodiálise.
Sofia, de apenas 17 anos, está doando a medula para a irmã que tem leucemia. “Me sinto feliz em poder salvar a vida dela.”
Quem recebe, ganha vida. É o melhor motivo de todos para comemorar. É com bolo que os profissionais do transplante costumam marcar a data em que uma nova medula começa a funcionar. Quando as células de defesa se multiplicam. A festa dessa vez foi para o Guilherme. “Um alívio indescritível”, comemora a mãe do menino.